Chester Barnard estudou economia, mas não chegou a receber diplomas, embora a influência de seu trabalho lhe tenha valido distinções honoríficas por várias universidades. Apesar de ter dedicado sua vida profissional integralmente à gerência de grandes empresas, tornou-se uma referência na ciência administrativa, tendo inclusive influenciado muitos autores acadêmicos.
Como executivo, achava os textos sobre teorias organizacionais pouco realistas ou práticos, além de atribuírem uma ênfase excessiva a comportamentos racionais.
A partir de sua experiência como presidente das empresas New Jersey Bell Telephone Company e na Rockefeller Foundation, Barnard escreveu The Functions of the Executive (1938), livro que se tornou um marco na história da administração. Nele destacou questões como a importância da legitimidade para o exercício da liderança e do equilíbrio entre as dimensões humanas e tecnológicas nas organizações (Gabor e Mahoney, 2010).
Os escritos de Barnard englobam vários temas de gestão e com perspectivas variadas, refletindo não só a sistematização de sua experiência profissional, mas também conhecimentos de ciências sociais.
Para ele a organização deveria estar em equilíbrio dinâmico entre as dimensões internas e externas. A função principal do executivo seria então manter esse equilíbrio nas perspectivas da eficiência e da eficácia. Possivelmente, Barnard foi o pioneiro em distinguir eficiência e eficácia. Eficácia significava o alcance dos objetivos, e eficiência se relacionava à vontade das pessoas em contribuir para o bem da organização em termos de trabalho, tempo e habilidades.
Para ele, a vontade depende daquilo que os empregados recebem da organização. Além de mostrar o valor do dinheiro, Barnard lembra outros fatores que poderiam gerar satisfação, antevendo, de certa forma, as propostas de Maslow e Herzberg.
Para se obter eficácia, as necessidades dos funcionários devem ser satisfeitas. Ambos, incentivos e contribuições, são avaliados subjetivamente por cada participante. A eficiência acontece quando a pessoa percebe o valor dos incentivos como ultrapassando o valor da contribuição.
Por causa desse julgamento individual, a organização deve privilegiar a atenção às pessoas e considerar o equilíbrio entre o incentivo e a contribuição.
Ao lidar com trabalho do executivo, Barnard ressaltava a responsabilidade como sua mais importante função e valorizava a organização informal, pois concebia a estrutura formal da organização como uma ficção humana.
Mostrava ainda ser a capacidade intelectual do grande executivo a de conceber processos de raciocínio lógico “mas desvantajosos se não estiverem subordinados a processos intuitivos altamente desenvolvidos”. Esse tema influenciou sobremaneira o pensamento de Herbert Simon, que, prosseguindo esses estudos, foi, mais tarde, agraciado com o Prêmio Nobel.
Em Organization and management: selected papers (1948), obra mais trabalhada de forma interdisciplinar, revela maturidade em análises das interações humanas em relações econômicas. Apresenta uma análise sistematizada das organizações, composta de teorias da psicologia sobre motivação e comportamento, teorias sociológicas sobre a interdependência e cooperação. Na verdade, sempre conceituou a organização como um sistema de cooperação e a liderança como fator primordial para o alcance dessa cooperação.